sábado, 18 de agosto de 2007
Íxion, Tântalo e as Danaides
"Todo QUERER nasce de uma necessidade, portanto de uma carência, logo, de um sofrimento. A satisfação põe um fim ao sofrimento; todavia, contra cada desejo satisfeito permanecem pelo menos dez que não o são. Ademais, a nossa cobiça dura muito, as nossas exigências não conhecem limites; a satisfação, ao contrário, é breve e módica. Mesmo a satisfação final é apenas aparente: o desejo satisfeito logo dá lugar a um novo: aquele é um erro conhecido, este um erro ainda desconhecido. Objeto algum alcançado pelo querer pode fornecer uma satisfação duradoura, sem fim, mas ela se assemelha sempre apenas a uma esmola atirada ao mendigo, que torna sua vida menos miserável hoje, para prolongar seu tormento amanhã. (...) O sujeito do querer, conseqüentemente, está sempre atado à roda de Íxion que não cessa de girar, está sempre enchendo os tonéis das Danaides, é o eternamente sedento Tântalo".
(Schopenhauer, A., O Mundo como Vontade e como Representação, I 231)
Íxion foi condenado, por seduzir Hera, esposa de Zeus, a girar eternamente numa roda flamejante. Tântalo, à sede e fome eternas: ele tenta alcançar os frutos de um galho que o vento sempre afasta. As Danaides devem encher com água tonéis que não têm fundo.
Qualquer semelhança com o destino da Humanidade não é mera coincidência. Qualquer referência à roda dos meios de comunicação-informação-entretenimento, também não.
Somos vítimas de esse castigo ou vitimários? O ambas as duas coisas?
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