quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A nova fronteira da informação: agora é social


Onde estamos e como chegamos onde chegamos


No começo foi o papel. Reuníamos uma equipe editorial em torno de uma boa ideia, de uma visão de mundo e de uma forma de narração. Nossos textos e nossas fotos eram impressos e distribuídos em todos os cantos do país. Assim, a equipe dialogava com uma audiência disposta a pagar uma parte da conta e a deixar-se tentar por anunciantes que tomavam parte da conversa em troca de pagar o restante da conta. Éramos felizes e sabíamos.

Mas um dia a Rede apareceu e complicou tudo. Uma maré de textos, música, fotos, desenho e vídeos ficaram disponíveis, primeiro nas casas das pessoas e depois em qualquer lugar que as pessoas estivessem: carro, praia, sala de aula, aeroporto... E as mesmas pessoas descobriram um mundo novo onde tudo que antes era pago podia ser de graça e tudo o que era complicado, simples. Que não precisavam ir até a locadora para assistir um filme, ou na banca pra comprar jornal, e que não era necessário esperar a que a TV passasse o filme que queriam ver. Começou o império do “aqui e agora”.

E nós, nisso? A boa ideia, a visão de mundo e a forma de narração da equipe editorial passaram a ser não apenas impressas e distribuídas fisicamente, mas também colocadas em rede. Tentamos que a audiência pagasse a conta, mas nem todo mundo esteve de acordo; a mesma coisa aconteceu com os anunciantes, que descobriram que poderia entrar na conversa sem pagar por isso. O que fez com que fosse menos relevante o papel impresso com nossos textos e com nossas fotos e ilustrações.

Pior, ainda. Também a geração de textos, música, fotos, desenho e vídeos, e seu armazenamento e divulgação deixaram de ser caros e complicados. O que antes era para uns poucos escolhidos (nossa equipe editorial, por exemplo) ficou ao alcance de todo mundo. Já não era necessário possuir uma gráfica para criar a própria revista, nem ter uma licença, câmeras e estudo para fazer um programa humorístico. Todo mundo poderia ser fotógrafo e fazer conhecido seu trabalho, criar suas trilhas e colocar à disposição de todos. Toneladas e toneladas de produção de todos os tipos e qualidades, de todos os assuntos e origens, começaram a se espalhar pelo mundo, crescendo e se multiplicando numa velocidade surpreendente, vertiginosa.  Foi o dilúvio informativo.

Mas um dilúvio é quando há tanta água que deixa de ser bom, quando o abenço vira danação, e se água que numa hora serve para molhar as colheitas e alimentar as bestas pode acabar com tudo e nos deixar na ruína quando é demais, a informação em excesso nos afoga também. Descobrimos que nem toda pessoa com uma câmera era fotógrafo, que não bastava tirar milhares de fotos e empregar filtros para virar artistas. Que se antigamente havia poucos escritores publicados era porque havia poucas pessoas em condições de criar um relato interessante o relevante. Ficamos fartos de gatinhos fofos, de pornografia feia, de textos ruins, de pseudomúsica e de informações falsas. Alguém precisava colocar ordem nessa confusão.  E nasceram os gigantes da internet: buscadores e redes sociais.

Um buscador é um sistema que permite as pessoas encontrar alguma coisa entre tanto que há espalhado pelo mundo. Uma rede social é um sistema que permite às pessoas publicar textos, música, fotos, desenho e vídeos para audiências compostas por familiares, amigos, amigos de amigos, desconhecidos. Muitas vezes (a maioria das vezes, na verdade) textos, música, fotos, desenho e vídeos publicados não são próprios: as pessoas encontraram algo que interessou e que acham que pode ser interessante para outros, e publicam. Assim, as redes sociais muitas vezes são meio pelo qual as pessoas entram em contato com aquilo que a nossa equipe editorial criou. O que fez com que não somente fosse menos relevante o papel impresso com nossos textos e com nossas fotos e ilustrações: também o website com nossos textos e com nossas fotos e ilustrações se fez menos relevante. As pessoas já não precisavam ir até nós para nos encontrar: alguém podia incluir um fragmento de nossas ideias, de nosso tom particular, numa conversa alheia. Nasceram o SEO (Search Engine Optimization: Otimização de Motores de Busca) e as estratégias de mídia social.

Nesse ponto estamos hoje, procurando ficar mais visíveis nos buscadores e nas redes sociais. O caminho é sermos relevantes, ter o que dizer e dizer bem, conseguir meios para que nossa voz se faça ouvir e, quando ouvidos, para manter a conversação fluindo. Isto é, procurando que as audiências voltem, que não se distraiam pelo caminho ou sejam atraídas por outras vozes, entre tantas que agora têm para ouvir.

Não há um caminho único, maso primeiro é conseguir fazer com que a ideia que une a equipe editorial seja realmente boa, a visão de mundo clara e distinta e a forma de narração, eficaz. Ou seja: que o editorial seja relevante, insubstituível, único. Que justifique o investimento de tempo e de  dinheiro dos leitores, agregando opiniões ou saberes, descobrindo aspectos do mundo ou de si mesmos, melhorando sua vida ou fazendo-os mais felizes.

Mas há também de se aprender a sobreviver no novo ecossistema aprendendo e incorporando saberes novos. SEO, certamente, e também táticas e estratégias de redes sociais. Há de se saber gerar tweets que provoquem adesão e repercutam, criar páginas de facebook que sejam visitadas, comentadas e laikeadas, para atrair maiores audiências para os conteúdos. E pode e deve se incorporar novas tecnologias e ferramentas para evitar que as audiências vão embora*.

Isso, por enquanto.

Estamos no meio da mudança. Muita coisa ainda irá aparecer, e por isso a regra deve ser estar alertas para o que há de novo, testar e aprender, saber que há de se errar e que errar faz parte do processo.



* Espaço patrocinado: veja o site da Crowdynews: www.crowdynews.com. Uma amostra deste tipo de ferramentas.




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Newsweek: não era mesmo o caminho

Na última postagem, do primeiro dia de outubro, eu questionava o rumo (o percurso, na verdade) da revista Newsweek. Hoje, leio que deixa de sair como revista impressa. Não é que não era mesmo esse o rumo? Lamento sinceramente. Uma das grandes que se perdeu no novo cenário. Leia mais no HuftPost (em espanhol!) clicando aqui.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Revistas matando revistas



Esta é novidade, para mim. Revista feminina repetindo assunto ano a ano é corriqueiro. Mas a mesma produção, a mesma (ou quase!) foto de capa, um ano depois??? E a mesma chamada: A minha noite com um famoso. É quase um jogo dos 7 erros. Vejam no site da Rue89: http://www.rue89.com/2012/08/18/medias-quand-mamie-elle-radote-son-numero-dete-234705 
Numa outra linha, a publisher estrela Tina Brown usando recursos criativos com custo de banco de imagens (Veja aqui). Houve já muito debate pela linha apelativa das capas da revista, desde que Tina assumiu. Esta, que mostramos, foi criticada pelo apelo sexual, mas não foi a única que levantou debate. "Obama, primeiro presidente gay" (Presidente Gay?) foi uma, Diana com Kate (Diana e Kate)e a fúria musulmana (Muslim rage

Será que é o caminho? Tina está conseguindo fazer com que se fale da revista, que estava morrendo. A pergunta é se é o caminho para voltar a ser uma revista relevante e um negócio rentável. A final, disso se trata, não é? As vendas pararam de cair e até cresceram um pouco em bancas. Menos que a Time, porém, que não apelou: foi 2% para a Newsweek e 6% para Time. Em exemplares de banca, atenção: circulação total parou a queda. E Newsweek perdeu 3,5% da base de anunciantes.

Mas o mais importante é que outras revistas, no mesmo mercado e com propostas (digamos) semelhantes, cresceram, no mesmo período. Por exemplo The Week, que acabou seu primeiro ano, 2003, circulando 173 mil exemplares, frente aos 3175000 da Newsweek; no final de 2011 eram 528 mil frente a pouco mais de um milhão e meio. E, no mesmo período, as vendas do The Economist nos EUA dobraram: de pouco mais de 437 mil para mais de 844 mil. Vale a pena conferir o relatório do State of the Media, clicando aqui.