sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Jornalismo e Internet

Veja a matéria abaixo. Os jornalistas ainda não se tocaram: muito mais importante do que se existirão ou não jornais de papel no futuro (preocupação que somente devia tirar o sono dos fabricantes de papel jornal), é saber o que será do jornalismo com a mudança em curso. O estudo apresentado na matéria abaixo (veja no site original clicando aqui) é relevante -como alguém tirando a mão pela ventana e constatando que chove. Perde, contudo, o importante: o que isso significa?

Estudo aponta descompasso entre jornalistas e leitores

NOVA YORK - A seleção de notícias feita diretamente por leitores seria radicalmente diferente daquela produzida por jornalistas. É a conclusão de um estudo norte-americano que comparou as manchetes publicadas pela imprensa tradicional com as escolhidas em três diferentes canais controlados por usuários de internet.

A pesquisa, conduzida por um núcleo do instituto US Pew Research, comparou reportagens durante sete dias. Os resultados são de interesse tanto de editores de conteúdo jornalístico quanto dos chamados cidadãos-repórteres.

O estudo foi encomendado pelo Project for Excellence in Journalism e fez um raio-X das notícias publicadas na última semana de junho.

A comparação foi feita entre as manchetes de 48 veículos da grande mídia (incluindo TV, rádio e jornais online) e as de três canais feitos por leitores - Reddit, Digg e Del.icio.us.

A descoberta: o interesse dos usuários foi consideravelmente diferente do hierarquizado pelos jornalistas tradicionais. Sete entre dez notícias selecionadas por leitores vieram de blogs ou sites não-jornalísticos. Apenas 5% dos artigos escolhidos estavam entre as dez notícias mais divulgadas pela grande imprensa.

"Usuários gravitam em torno de histórias mais ecléticas. Há a sensação de que leitores peneiram as informações cruas; rumores, fofocas, propaganda e notícias ficam todos misturadas no bolo", afirmou Tom Rosenstiel, um dos autores do estudo.

Em semana dominada por artigos sobre o Iraque e debate sobre imigração, leitores se interessaram mais pelo lançamento do iPhone e a notícia de que a Nintendo havia ultrapassado a Sony em relevância.

No geral, 40% das histórias mais populares do Digg e do Del.icio.us eram relacionadas a tecnologia, seguidas das notícias sobre estilo de vida.


Cidadãos-editores

Uma das maiores diferenças notadas pelos pesquisadores foi a ênfase colocada sobre uma história específica. Enquanto a grande mídia tende a republicar a mesma história com ângulos diferentes a cada dia, leitores preferem mergulhar em uma variedade de tópicos.

"Ficou a sensação de que eles querem saber pouco sobre muitas coisas", disse Rosenstiel.

Mas editores de conteúdo jornalístico não devem fechar seus notebooks e abandonar as canetas. O estudo mostra também que as agências de notícias tradicionais ainda representam um quarto do conteúdo de sites feitos por usuários. Na outra ponta, apenas 1% das notícias selecionadas são conteúdo original.

"Isso sugere que as pessoas estão reorganizando as notícias de acordo com o estilo do jornalismo participativo, em vez da hierarquia dada por editores", afirmou o pesquisador. "Esses sites oferecem uma nova visão sobre as reportagens, mas não quer dizer que o jornalismo tradicional tenha se tornado irrelevante. Está em formação na sociedade um segundo nível de conversa sobre as notícias."

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