quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Concentração II

Grupo Abril compra Chinaglia Distribuidora

O Estado de S. Paulo - 16/10/2007

A Distribuidora Nacional de Publicações (Dinap), maior distribuidora de publicações do Brasil - pertencente ao Grupo Abril -, comprou a segunda maior distribuidora do País, a Fernando Chinaglia. A aquisição, que começou a ser informada no final da semana passada às editoras que contratavam os serviços das duas distribuidoras, ainda terá de ser aprovada pelo órgão antitruste do governo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O Grupo Abril tem 15 dias para comunicar a compra.

A Dinap detém cerca de 70% do mercado de distribuição, e atende a 32 mil pontos-de-venda. A empresa atende, além da própria Editora Abril, a outros cerca de 60 clientes. Já a Fernando Chinaglia, dona dos outros 30% do mercado, chega a 28 mil pontos-de-venda e responde pela distribuição de 250 empresas, entre as quais a Editora Três e a Editora Globo.

Nenhuma das empresa quis comentar a operação. A Dinap, que faturou R$ 608 milhões em 2006, cobra em torno de 40% e 45% do valor de capa da publicação para distribuí-la na rede varejista. Já a Fernando Chinaglia, que não informou faturamento, cobra em torno de 37% do preço de capa.

O Grupo Abril alega que o objetivo da aquisição é obter uma logística mais eficiente e de menor custo. Em vez de dois caminhões viajarem longas distâncias carregados pela metade, um só fará o serviço. Para algumas editoras, isso poderá resultar em mais eficiência. Mesmo assim, as menores e as segmentadas temem que o monopólio da distribuição reduza seu poder de negociação.

Para Yara Grottera, diretora de marketing da Editora Globo, é de fundamental importância nesse negócio preservar o que chama de “certos truques” que podem estimular vendas em banca. “A Revista Época (da Editora Globo) sai antes da Veja (Editora Abril), assim como a Marie Claire (Globo) circula dois dias antes da Claudia (Abril). Isso cria oportunidade de venda no varejo, o que não quero perder”, diz.

Nos últimos tempos, Yara diz que vem registrando expansão para os títulos da Editora Globo com vendas avulsas em supermercados e drogarias, entre outros pontos. “A fusão das duas empresas vai fazer com que eu tenha de manter as equipes de marketing mais atentas para não perdermos essas vantagens de vendas.” Lucia Machado, diretora da divisão de publicações infantis da Globo, reconhece que todas as empresas buscam cortar custos e que a logística é um dos fatores que mais pesam nesse cenário. “Para as grandes editoras pode ser ótimo, mas para as pequenas pode ficar mais difícil”.


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