sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Um ano fora do escritório (I)

Foi-se o ano: dia 30 de outubro ou dia 6 de novembro, depende do critério, foi o primeiro aniversário de minha saída do emprego. Um bom emprego, muito bem pago, desafiante e cheio de coisas boas –e, claro, de outras que nem tanto. Mas a decisão de sair, uma decisão que custou tomar, não teve a ver com as coisas ruins do emprego, e sim com uma necessidade interna e muito poderosa.

O que eu fiz neste ano não foi pouco: na primeira semana, aproveitei para assistir um congresso de filosofia em Salvador, com a minha esposa. Triple ganho: conheci Salvador, participei de um belo encontro de alguns dos pensadores mais brilhantes do Brasil e viajei com a Fabiana. Ponto dentro! Depois disso, veio um período de adaptação á nova realidade, em termos práticos: mudança (morava em casa alugada pela empresa, pelo meu regime de expatriado), novo mail, novos telefones de contato, plano de saúde, bancos... isto é, rearranjar as coisas que, normalmente, a empresa ou a minha secretária resolviam. Não foi um bom período: meio angustiante, corrido, sem prazer. Ponto fora! Enquanto isso, continuava estudando. Ai veio o verão, com um contrato para escrever um livro: três meses mergulhado em textos de filosofia, com a minha família e meus amigos de infância perto ou em volta. Prazer, trabalho agradável, estudo... tudo que eu sonhara. Ponto dentro! Parecia que fosse ser isso mesmo. Acabou o verão, acabei o livro, voltei à faculdade, para completar em um ano todo o faltante de graduação (cinco disciplinas) mas todos os créditos da pós (três disciplinas); um monte de coisa para estudar. Enquanto isso, a retomada do contato com colegas de trabalho, e algumas propostas para discutir possíveis empregos. E aí que complica: custava dizer não, mas ao mesmo tempo não estava muito certo de querer aquilo. Um misto de satisfação por ser chamado, medo de perder uma oportunidade, medo de depois não conseguir gerar dinheiro, ansiedade da família (os filhos se preocupam: o que o papai faz não é coisa pouco importante para eles, é parte do que eles são no mundo, perante os outros), ansiedades próprias (filhas dos medos mencionados), e pelo outro lado a noção de que ainda não é tempo, que não é isso que eu quero, que ainda preciso explorar esta experiência de parar o frenesi... Nada deu em nada, as conversas se alastram, há alguma ainda em curso.

Agora, novas ansiedades. Do ponto de vista econômico, tudo calmo: Bovespa ajuda o real se valoriza, enquanto o peso continua desvalorizado. A minha família morando na Argentina, isso significa custos mais baixos, o patrimônio no Brasil, isso significa crescimento patrimonial. Ponto dentro! Mas o aniversário marca uma inflexão, e estou a um mês de acabar os compromissos na faculdade. Ai que a nova ansiedade se instala.

Aparecem outras oportunidades profissionais. As encaro com mais calma: não quero me afobar, e com isso ficar preso em algo que não tenho certeza que seja o que realmente quero, nem tampouco queimar o que pode vir a ser uma boa possibilidade.

Decido pensar com calma. Procuro na internet e encontro alguns sites que falam de e para gente que parou, que resolveu fazer um break na carreira. Escrevo este post, apenas como rascunho ou reflexão em voz alta. Nem é muito o tema deste blog, mas serve para mim.

Vamos nessa. (Continuará)

Os links para os sites que mencionei:

http://en.wikipedia.org/wiki/Career_break
http://en.wikipedia.org/wiki/Sabbatical_year
http://www.thecareerbreaksite.com/site-info/about-us.php
http://www.gapwork.com/careerbreak

E uma matéria sobre os que não param:
http://money.cnn.com/2007/10/30/news/newsmakers/confessions_ceo.fortune/index.htm?postversion=2007110205

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